
Os transtornos mentais durante a gravidez e o período pós-parto são uma preocupação significativa e abrangem uma variedade de diagnósticos. Alguns desses transtornos são: depressão, ansiedade, transtorno afetivo bipolar, transtornos relacionados a traumas e transtornos psicóticos.
Os transtornos de ansiedade, em particular, são os mais comuns durante o período perinatal, afetando uma em cada cinco mulheres grávidas e no pós-parto, sendo mais prevalentes do que a depressão. Além disso, há um risco elevado para o desenvolvimento e exacerbação de transtornos como o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) durante esses períodos.
A depressão pós-parto é uma das condições mais reconhecidas, mas transtornos menos comuns, como a psicose pós-parto, também podem ocorrer e são considerados mais graves. Outros transtornos que podem se manifestar incluem o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtornos alimentares.
A etiologia desses transtornos é complexa, envolvendo interações entre fatores psicológicos, sociais, biológicos, genéticos e ambientais. A identificação e o tratamento adequados são cruciais, pois transtornos mentais não tratados ou sub tratados durante o período perinatal estão associados a consequências negativas para a saúde comportamental, relacional e fisiológica da mãe, além de riscos para o feto ou criança.
O tratamento pode incluir psicoterapia e farmacoterapia, sendo que a combinação de ambos pode, em alguns casos, aumentar os benefícios clínicos. A abordagem deve ser individualizada, considerando os riscos e benefícios de cada opção terapêutica.
Dentre os desafios do período perinatal, é essencial destacar a importância de diferenciar a depressão pós-parto do chamado blues puerperal, condição transitória e autolimitada que afeta a maioria das mulheres nos primeiros dias após o parto. Embora compartilhem sintomas como tristeza, irritabilidade e labilidade emocional, o blues é passageiro e geralmente não compromete o funcionamento da mulher, ao passo que a depressão pós-parto é mais duradoura, intensa e associada a prejuízos significativos na capacidade de cuidar de si e do bebê. A falha em reconhecer essa distinção pode levar à negligência de quadros mais graves, com impacto duradouro na saúde materna e no desenvolvimento infantil. Por isso, o rastreamento cuidadoso e o acompanhamento especializado são fundamentais para garantir intervenções precoces e eficazes.