O que é? Quais as diferenças entre os dois?

O transtorno bipolar é um grupo de transtornos afetivos caracterizados por episódios de mania ou hipomania e depressão. O transtorno bipolar tipo I é definido pela presença de pelo menos um episódio maníaco, que pode incluir características psicóticas ou não, enquanto o transtorno bipolar tipo II é caracterizado por episódios de hipomania, que são menos severos e não incluem sintomas psicóticos, além de episódios depressivos maiores.
Esses transtornos afetam aproximadamente 2% da população mundial e são uma das principais causas de incapacidade, devido à sua natureza crônica e recorrente. O transtorno bipolar é altamente hereditário, com uma hereditariedade estimada em cerca de 70%, e compartilha alelos de risco genético com outros transtornos mentais e médicos. Além disso, o transtorno bipolar está associado a uma redução significativa na função psicossocial, principalmente quando não identificados e conduzidos de maneira correta.
As causas multifatoriais de ambos os subtipos incluem influências genéticas e ambientais. Alguns estudos apontam que o tipo I tem uma associação genética mais próxima com a esquizofrenia, enquanto o tipo II está mais associado ao transtorno depressivo maior. Além disso, o tipo II apresenta uma sobreposição genética maior com traços médicos não psiquiátricos e internalizantes, como doenças cardíacas e neuroticismo.
A hereditariedade também difere entre os subtipos, com o tipo I apresentando uma maior agregação familiar em comparação ao tipo II. No entanto, ambos os subtipos compartilham uma alta hereditariedade geral, refletindo a complexidade genética do transtorno bipolar.
O diagnóstico precoce do transtorno bipolar é desafiador, frequentemente levando a diagnósticos errôneos, o que pode resultar em intervenções inadequadas e aumentar o risco de efeitos indesejados. O tratamento do transtorno bipolar envolve uma combinação de farmacoterapia, psicoterapia e mudança de estilo de vida. Dentro da farmacoterapia, estabilizadores do humor são uma classe medicamentosa utilizada frequentemente. Antidepressivos muitas vezes são contraindicados em alguns casos de transtorno afetivo bipolar, podendo até mesmo induzir fases de mania.
No futuro, parece que a compreensão dos mecanismos patofisiológicos subjacentes ao transtorno bipolar, como a plasticidade neuronal-glial, sinalização monoaminérgica, homeostase inflamatória e função mitocondrial, poderão nos levar ao desenvolvimento de tratamentos ainda mais direcionados. Até lá, o julgamento clínico, a tomada de decisão compartilhada e o acompanhamento empírico permanecem elementos essenciais do cuidado médico e plano terapêutico.