
O transtorno delirante é uma condição psiquiátrica caracterizada pela presença de delírios não bizarros, ou seja, crenças falsas que poderiam ocorrer na vida real, como ser seguido (tipo persecutório), ter uma doença (tipo somático), ser amado à distância (tipo erotomaníaco), ter um parceiro sexual infiel (tipo ciumento) ou possuir valor, poder, identidade ou conhecimento inflacionados (tipo grandioso). Esses delírios são mantidos com forte convicção, apesar de evidências contrárias, e ocorrem na ausência de outros sintomas psiquiátricos significativos.
O diagnóstico de transtorno delirante requer que os delírios persistam por pelo menos um mês e que o impacto no funcionamento do indivíduo seja consistente com o conteúdo do delírio ou suas ramificações. Além disso, é necessário excluir outras condições, como esquizofrenia, transtornos de humor, toxicidade induzida por substâncias e doenças clínicas. A condição é mais comum em adultos de meia-idade ou idosos, e o curso clínico pode variar.
A principal diferença entre o transtorno delirante e o transtorno delirante persistente, conforme descrito na literatura, está na duração e na persistência dos sintomas. O transtorno delirante, conforme definido no DSM-IV, requer que os delírios estejam presentes por pelo menos um mês, enquanto o transtorno delirante persistente, conforme a CID-10, implica uma duração mais prolongada dos sintomas, com uma tendência à cronicidade.
A neuropsicologia do transtorno delirante ainda é pouco compreendida, mas modelos teóricos sugerem que ele pode ser visto como uma variação extrema de mecanismos cognitivos envolvidos na detecção rápida de ameaças e na evitação defensiva de danos. Vários estudos comparativos indicam que o transtorno delirante difere da esquizofrenia em várias características, incluindo uma resposta mais pobre aos medicamentos antipsicóticos. Geralmente apresentam melhor funcionamento em domínios como cuidado pessoal, trabalho remunerado e interação social.
O manejo do transtorno delirante é desafiador e necessita de uma avaliação especializada criteriosa. O tratamento pode incluir hospitalização, farmacoterapia e psicoterapia. A prevalência é baixa, mas não é rara, e o componente genético é uma suspeita.